PARTITURAS
O pensamento coreográfico, na diversidade de manifestações pelos quais ele se apresenta, é o assunto e a forma pela qual eu inscrevo a minha trajetória no
campo do visual. O convite feito a mim para ativar a exposição de José
Damasceno, abriu o espaço de um laboratório para a investigação do encontro da coreografia com as artes visuais. A dança no espaço da Pina Estação foi organizada na mídia de vídeo, e a estrutura da obra resulta da inter-relação entre a dança––o movimento em relação a algumas esculturas, pinturas e instalações––
e as artes visuais na forma de partituras coreográficas. Eu recorro à tradição da dança minimalista norte-americana para a ativação––haja vista que o minimalismo é elemento estrutural de alguns trabalhos ativados de Damasceno como o “Trilha Sonora”, e o “Método para arranque e deslocamento.” Parte do meu processo compreendre arquivos digitais de dança como objetos encontrados, como readymades da História da Dança. Para esse trabalho eu relembro e traduzo a dança minimalista de Trisha Brown e Lucinda Childs em novas partituras coreográficas. Thelma Bonavita, Juliana França e Pedro Galiza fazem uma participação com a partitura coreográfica da peça “Fleshion”, que coloca a estética minimal em fricção com as dimensões alegórica, narrativa e ficcional, abrindo e atualizando o debate sobre essa linhagem estética tanto na dança quanto nas artes visuais. “Partituras” retoma a tradição da dança minimalista e rejeita a sua primeira intenção metafórica––que seria, justamente, a morte da metáfora, “o que se vê é o que se vê” (Donald Judd)––, e não somente afirma, atualiza e ativa os conteúdos dessas heranças coreográficas, construtivas e geométricas, como propõe uma leitura negativa do primeiro minimalismo.
FLESHION
Thelma Bonavita, Juliana França e Pedro Galiza fazem uma participação com a partitura coreográfica do trabalho Fleshion, que coloca a estética minimal em fricção com as dimensões alegórica, narrativa e ficcional, abrindo e atualizando o debate sobre essa linhagem estética tanto na dança quanto nas artes visuais.
traduções de esculturas
Na operação das traduções de algumas esculturas e instalações de José Damasceno em partituras coreográficas, eu proponho um método de pensamento, uma visualização esquemática de uma ideia, que se caracteriza pela sua capacidade de organizar dados e experiências, de sintetizar informações, como uma máquina que pode produzir conhecimento. A partitura sempre está pronta para ser ativada, portanto, ela está sempre em devir. Seu formato, inter-relacionando desenho e dança, emula a arte conceitual: gráfica, textual, com instruções de base numérica, que poderão ser executados, desmantelados, reavaliados, assim estando para além da durabilidade de qualquer materialização singular de suas ideias e procedimentos.
Coreografia: Júlia Abs
Perfomers: Júlia Abs, Juliana França e Pedro Galiza
Colaboração: Thelma Bonavita
Videografia: Renata Mosaner e Henrique Rodriguez
Trilha Sonora: Jeroen Search
Colaboração Figurino: Valentina Soares (Mescla)