TANZ ÜBER GRÄBEN
No dia 15 de novembro de 2013 eu dei a minha primeira volta em Berlim, que são essas fotos que eu publico hoje. Eu chegava de Essen, depois de ter feito uma audição para a Folkwang Hochschule. Eu cheguei em Berlim no dia 14 de novembro, no mesmo dia que se iniciava um evento grande sobre a obra “A Sagração da Primavera”. Pesquisando a imagem dialética de Walter Benjamin eu posso considerar que esses dois eventos coincidiram: a minha vida em busca de estudar a dança na Alemanha, e esse evento “Tanz über Gräben.100 Jahre »Le Sacre du Printemps« Kongress, Gespräche, Aufführungen, organizado pela Gabriele Brandstetter.

O passado oprimido volta para se libertar.

“Uma coreografia e música completamente novas" – foi assim que Harry Graf Kessler anotou em seu diário em 29 de maio de 1913 - "algo nunca visto antes, cativante, convincente, de repente surge uma nova forma de arte: destruindo todas as formas, emergindo repentinamente do caos."

A noite de estreia em Paris se tornou uma lenda: "Le Sacre du Printemps" de Vaslav Nijinsky, com música de Igor Stravinsky, terminou em tumulto calculado. Foram 34 minutos que escreveram a história. Com "Le Sacre du Printemps", nasceu a dança moderna.

VÍTIMA / SACRIFÍCIO

Com referência à representação de um ato ritual - a "Escolhida", que se sacrifica em êxtase a uma divindade pagã - a interligação entre o vanguardismo e a religião recebe uma consideração especial. É possível, a partir de uma perspectiva contemporânea, interpretar ainda a morte da "Escolhida" como um “Sacrificium"? Ou, ao contrário, não seriam a vitimização e a exclusão social os únicos parâmetros possíveis para se refletir sobre a morte de uma única pessoa causada pela supremacia coletiva? Até que ponto cada reencenação contemporânea de "Le Sacre du Printemps" reflete necessariamente as experiências culturais do século XX e faz referência à história centenária de violência que ocorreu desde a estréia?”

(Zentrum für Bewegungsforschung – Gabriele Brandstetter, Alexander Schwan)

1913-2013

Festas místicas e sacrifícios

O passado que volta no presente: esse foi o ano que cheguei em Berlim, exatamente 100 anos depois da estréia de Le Sacre du Printemps.

Toda a minha flanérie então passou a ter esse sentido cruzado com a obra de Stravinsky, Nijinsky, e o evento organizado pela teórica da dança, Gabriele Brandstetter.

Essas fotos registram a primeira festa em Berlim “Pornceptual” no “Alte Münze”.


“Mythic Sacrifices and Real Corpses"

In autumn 1914, Friedrich Meinecke described
the German casualties along the Yser
Canal as a ›springtime sacrifice‹. In view of
the fact that the Battle of Ypers – called the
Battle of Langemarck in Germany – took
place in autumn, this reference was not just
about the fallen, but about the salvation and
redemption which had been made possible
through their sacrifice, a concept which first
appeared in Stravinsky’s The Rite of Spring.
This view revealed a fundamental break
with that of the Enlightenment which sought
to overcome the role of sacrifice. In the
place of historical-theoretical principles of
progress, the beginning of the 20th century
was taken by the idea of aging empires and
societies whose political and social orders
could only be rejuvenated and renewed by
sacrifice. This revaluation of the significance
of sacrifice strengthened the willingness to
go to war in the first months of World War I
– especially among the student population.
The suggestion of the sacrificial resisted the
promise of the Enlightenment to do away
with sacrifice.” (Herfried Münkler)

DEZ

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