TODA QUINTA DANÇA CONTEMPORÂNEA NO CENTRO CULTURAL B_ARCO
A Cia. Vitrola Quântica – dirigida por mim de 2006 a 2012 – junto ao Centro Cultural o b_arco criaram o projeto “Toda quinta dança contemporânea”, um evento que teve início no mês de agosto de 2011, e que propôs mostras de trabalhos experimentais na linguagem da dança contemporânea.
O projeto “Toda quinta dança contemporânea” teve estréia com os repertórios da Cia. Vitrola Quântica, todas as quintas, às 22:30, no Centro Cultural o b_arco.
A ideia principal do projeto foi criar um espaço para mostras de trabalhos de artistas independentes da dança contemporânea de São Paulo, e que acontecessem toda semana. Dessa forma o centro cultural b_arco foi um centro de referência e difusor de trabalhos avançados em dança, e os membros da Cia. Vitrola Quântica fizeram a curadoria.
As obras inovadoras, na maioria das vezes, não têm lugar para serem mostradas justamente porque existem políticas institucionais enrijecidas. Nossa ação buscou abrir este espaço e contamos com a colaboração dos artistas que participaram do projeto, com o desejo de que esta linguagem fosse vista e que as pessoas se tornassem mais íntimas daquilo que estava sendo criado de novo na nossa cidade.
Por ter tido essa proposta experimental, e o objetivo de criar a possibilidade de se ver dança toda a semana fora dos eixos centrais de teatros públicos ou privados, os artistas tiveram espaço para mostrar os seus trabalhos de uma forma mais independente.
CENTROS DE EXPERIMENTAÇÃO
Se olharmos para a história da dança muitos movimentos importantes tiveram início com projetos como esse “Toda quinta dança contemporânea”, como, por exemplo, no caso de uma igreja, a Judson Memorial Church, em Nova York, em 1960, que apoiou como centro cultural movimentos de artistas independentes que inauguraram a dança pós-moderna americana. Entre esses artistas havia um grupo com o mesmo nome da igreja, o Judson Dance Theatre, que agrupava os mais importantes nomes da dança nova iorquina: Yvonne Rainer, Steve Paxton, Trisha Brown, David Gordon, Lucinda Childs; e artistas visuais como Robert Morris e Robert Rauschenberg. Esses artistas estavam comprometidos com a dança avançada, com a experimentação, em oposição à dança moderna que na década de 60 era muito forte em Nova York.
Em São Paulo, o Espaço Nova Dança também realizou a partir de 2004, um projeto de difusão de obras experimentais em artes cênicas chamado “Sexta na tomada”. Podemos afirmar que para a formação de muitos jovens artistas desta cidade esse evento foi muito importante, justamente porque tinha essa proposta de ser um espaço para novas experiências.
*English bellow

EVERY THURSDAY: CONTEMPORARY DANCE AT THE B_ARCO CULTURAL CENTER
The Vitrola Quântica Company – directed by myself from 2006 to 2012 – in partnership with the B_arco Cultural Center, created the project “Every Thursday Contemporary Dance”, an event that began in August 2011 and proposed weekly showcases of experimental works within the field of contemporary dance.
The project launched with a series of performances from Vitrola Quântica’s repertoire, presented every Thursday at 10:30 p.m. at the B_arco Cultural Center.
The main goal of the project was to establish a consistent platform for independent contemporary dance artists based in São Paulo to present their work weekly. In doing so, the B_arco Cultural Center became a reference hub and a catalyst for advanced dance practices, with the members of Vitrola Quântica curating the program.
Innovative works often have no place to be shown precisely because of rigid institutional policies. Our initiative sought to open up this space, and we counted on the collaboration of the artists who participated in the project, driven by the desire for this language to be seen and for people to become more familiar with what was being newly created in our city.
Because of its experimental nature and its aim to offer a weekly space for dance outside the traditional circuits of public and private theaters, the project allowed artists to present their work in a more independent and autonomous manner.
CENTERS OF EXPERIMENTATION
Looking at the history of dance, many important movements began through initiatives like Every Thursday Contemporary Dance. One notable example is Judson Memorial Church in New York City, which, in the 1960s, supported independent artist movements as a cultural center and became the birthplace of American postmodern dance. Among the artists involved was a group named after the church itself, the Judson Dance Theater, which included leading figures of the New York dance scene such as Yvonne Rainer, Steve Paxton, Trisha Brown, David Gordon, and Lucinda Childs, as well as visual artists like Robert Morris and Robert Rauschenberg. These artists were committed to radical experimentation in dance, in contrast to the dominant forms of modern dance in New York at the time.
In São Paulo, the Espaço Nova Dança also created, beginning in 2004, a project to promote experimental performing arts works called “Friday on the Set” (Sexta na Tomada). This project was highly significant for the development of many young artists in the city, precisely because it offered a space for new artistic experiences.

HISTÓRICO DO PROJETO NOTURNO
Ver uma idéia nascida num papel e de algumas projeções abstratas tornar-se real é algo que diz muito sobre a criação na arte. O Projeto Noturno nasceu de uma vontade coletiva, do amor que temos pela arte e a partir dela nossa crença em torná-la importante para todas as pessoas da nossa sociedade. E esse amor tem muito a ver com a concretização de uma idéia, de dar corpo para as impressões que temos do mundo por essa via que somente a arte pode nos dar acesso.
Nos três meses de Projeto Noturno, iniciado em setembro de 2011, pudemos ver o Centro Cultural b_arco sendo um espaço com grande potencial para a divulgação da dança. Os artistas da dança passaram a frequentar o b_arco com muita frequência para compartilhar os trabalhos de seus parceiros que também acreditaram nessa idéia e nesse projeto: a criação de um novo espaço para que o público possa ver dança toda semana. Recebemos artistas da dança nacionais e internacionais que toparam participar do projeto porque também apostam em iniciativas como essa, assim como sabem da importância de existir um espaço mais arejado para a promoção dessa linguagem.
Fizemos uma divulgação de próprio punho e conseguimos espaço no Guia da Folha, na Revista São Paulo e em outros meios de comunicação de massa que permitiu a divulgação de nosso projeto. Recebemos um público médio de 20 pessoas todas as quintas o que somou ao menos 300 pessoas como público espontâneo. Artistas renomados como Thelma Bonavita, Cristian Duarte, Beth Bastos, Clarice Lima, Cia.Perversos Polimorfos, Alexandre Magno, participaram e acreditaram em nosso projeto e trabalharam nas condições independentes da qual dispunhamos: uma verba de produção saída da caixinha de cada quinta-feira do Projeto Noturno.


